quando cheguei cedo para trabalhar no hospital, estava me esperando o chefe da pediatria, que imediatamente me disse: Doutor, temos uma menina de cinco anos com bloqueio cardíaco e temos que operá- la. Precisa de um marcapasso para sobreviver!
Nesse momento, não tínhamos um marcapasso pediátrico, adequado para sua idade. Mas se não a operássemos nesse momento, a menina morreria, pois alguns anos antes ela havia sido operada do coração e a mesma fibrose causou o bloqueio que agora a levava à emergência.
Então, entramos na sala de operações com um marcapasso para adultos e com um anestesista geral — em vez de um anestesista cardiovascular pediátrico —, o que realmente tínhamos era avontade de salvar a vida dela. Por isso, usamos habilidades que não sabíamos que tínhamos… E conseguimos! A menina sobreviveu.
Algum tempo depois, eu a encontrei no supermercado. De repente, escutei nos corredores uma voz que dizia: Doutor! Doutor, você salvou a minha vida! Quando respondi, percebi que era a menina! A mesma criança que havia operado antes em circunstâncias difíceis! A menina me abraçou, ali mesmo, no meio do supermercado, e me disse: O senhor salvou minha vida doutor, eu lhe devo uma !
Essa foi uma das experiências mais gratificantes da minha carreira. Pois se tratava de uma menina tão pequena esperando uma cirurgia de emergência, era uma questão de vida ou morte! Mais tarde, colocamos um marcapasso definitivo e ficou ainda melhor.
A cirurgia dessa menina de cinco anos nos incentivou a usar o melhor do nosso aprendizado, pois nunca se sabe em que momento vamos utilizar todo o conhecimento que adquirimos. E é quando mais necessitamos que percebemos que a vida, a experiência, algo divino ou como queira chamar a isso, vai nos ajudar a seguir em frente. Por isso, é preciso ser sempre proativo e trabalhar com o que se tem à frente.
Histórias de vida que nos inspiram!