O potencial benefício desta implementação mais avançada ficou evidente em 1999, com a publicação do famoso livro Errar é humano pelo Instituto de Medicina dos EUA, que revelou a epidemia de mortes e sequelas profundas em função de erros cometidos na assistência à saúde, afetando 1,5 milhão de cidadãos americanos por ano. Quando se compara o risco de morte em diferentes atividades, uma internação hospitalar é considerada uma atividade ultraperigosa (mais do que escalar uma montanha por 25 horas, por exemplo).
Aí é que se encontra a mais nobre função de implantação de um PEP/REP. Aplicando-se ferramentas de suporte a decisão clínica (SDC) e tecnológicas, como a checagem eletrônica de medicamentos (código de barras, por ex.), existe um potencial de reduzir dramaticamente e até eliminar os riscos decorrentes dos processos assistenciais. Isso também ficou evidenciado na aplicação do modelo de maturidade do PEP em relação ao potencial em reduzir erros na assistência, publicado também pela Gartner Research em 2003.
Mas o que realmente fazem os sistemas de SDC? Seu objetivo é prover aos profissionais de saúde e mesmo aos pacientes informação específica ao caso em questão, inteligentemente filtrada e apresentada no momento adequado, melhorando a eficiência e a eficácia no cuidado ao paciente.
E como são classificados os recursos de SDC de um sistema informatizado? Conforme publicação da HIMSS em 2005, eles se classificam em:
Para atingir de forma plena a implementação desta e de outras ferramentas de SDC, são diversos os desafios. O primeiro deles é conseguir a adoção plena de ferramentas fundamentais como o PEP. Essa adoção é a base de tudo, pois a informação estruturada é a melhor forma para obter dados estatísticos confiáveis que poderão nortear a conduta dos tomadores de decisão.
O segundo desafio seria atingir a maturidade institucional na qual toda a equipe assistencial esteja acostumada a agir guiada por processos que refletem as melhores práticas em saúde. Com estas premissas atendidas, os investimentos em tecnologia, como código de barras, dispositivos móveis, entre outros, trarão os retornos desejados.
Fazendo a segunda parte antes da primeira, pode-se incorrer em desperdícios por não haver a utilização plena destes recursos.
Outro ponto de relevância é o da integração de soluções. A integração do PEP com equipamentos como monitores, ventiladores, aparelhos de anestesia e sistemas de imagens (PACS), além de reduzir o retrabalho e aumentar a rapidez e a eficiência, pode melhorar muito a qualidade e a segurança do processo assistencial.
Assim, a citação “Primum Non Nocere”, uma das mais célebres da medicina e proferida pelo seu pai, Hipócrates (460-377 a.C.), a qual significa “primeiro não cause dano”, revelava já na antiga Grécia que as atividades clínicas, desenvolvidas objetivando a cura e o alívio das doenças, sempre trouxeram, embutidos em todos os seus processos, alguns riscos à saúde dos pacientes. É missão de todos os profissionais prestadores de serviços em saúde, bem como todos os provedores de soluções, a mais intensa atenção e o mais denodado comprometimento no sentido de mitigar estes riscos, procurando, sempre e inclusive, erradicá-los.