mai 22, 2023 - Tempo de leitura: 4-6 minutos
As seguintes perguntas foram feitas a Fabia Tetteroo-Bueno, CEO da Philips na América Latina, durante o painel "Futuro da Medicina Diagnóstica", organizado pela Abramed, durante o congresso da Jornada Paulista de Radiologia 2023.
Nos últimos anos, os líderes da área de saúde vêm reconhecendo que o setor de medicina diagnóstica precisa passar por uma transformação digital. A integração de linhas de serviços de diagnóstico, como radiologia, laboratório e local de atendimento, continua sendo um desafio para linhas de serviços clínicos como oncologia, cardiologia e neurologia. No entanto, há uma oportunidade significativa de melhorar o diagnóstico de precisão integrando fluxos de trabalho de radiologia por meio de informática, inteligência artificial, ferramentas de colaboração e telemedicina.
Dados do Future Health Index, uma pesquisa global que analisa prioridades e preocupações dos líderes da área de saúde, mostram que o Brasil tem experimentado um crescimento significativo em soluções digitais de saúde, sobretudo em telemedicina. A prioridade dos líderes brasileiros da área é facilitar a mudança para o atendimento virtual e melhorar a infraestrutura tecnológica, fatores cruciais para expandir a prestação de cuidados médicos. Além disso, há uma clara tendência de aumento dos investimentos em inteligência artificial. Atualmente, o investimento em IA é prioridade para 72% dos líderes da área de saúde brasileiros, e esse número deve subir para 91% nos próximos três anos.
No geral, essas tendências indicam um grande foco na transformação digital e na integração da IA, que terão um impacto significativo no diagnóstico de precisão. Para isso, é necessário aproveitar o diagnóstico por imagem, a patologia, a genômica e dados longitudinais com insights de inteligência artificial para fornecer o atendimento certo no momento certo.
Um dos focos da Philips é conectar dados e tecnologias para atenuar os desafios enfrentados pelos departamentos de radiologia e capacitar os profissionais de saúde para que tenham a confiança para tomar decisões de tratamento. A Philips introduziu várias inovações no campo da medicina diagnóstica: O objetivo dessas inovações da Philips é aliviar a carga sobre os departamentos de radiologia, capacitar os profissionais de saúde e melhorar o atendimento aos pacientes por meio da integração de dados, tecnologia e IA.
Como CEO, meu papel é construir equipes focadas no atendimento centrado no paciente. Ajudamos clientes e sistemas de saúde a desenvolver soluções que aprimoram o atendimento e melhoram as experiências do paciente, da família e da equipe usando tecnologia. Também priorizamos a otimização do ambiente de trabalho hospitalar para que ele forneça uma melhor eficiência operacional. Experiências positivas para os pacientes melhoram os resultados e a alocação de recursos. Um tratamento pautado no respeito, na comunicação, na autonomia e em ambientes eficientes contribuem para experiências positivas e um melhor atendimento. De uma forma geral, meu objetivo é promover equipes que priorizem o atendimento centrado no paciente e proporcionem experiências positivas de saúde.
O setor de manufatura em saúde na região, salvo algumas exceções, é caracterizada pelo pouco desenvolvimento e avanço tecnológico, o que resulta numa alta dependência de produtos importados. O setor de saúde no Brasil está superando desafios na produção com resiliência e inovação. Estão sendo feitos esforços para fortalecer os sistemas de saúde, melhorar o desenvolvimento tecnológico, aumentar o acesso a dispositivos médicos, lidar com a escassez de componentes e promover soluções colaborativas. A prioridade da saúde, da ciência, da tecnologia e do mercado é trabalharem juntos para garantir um acesso equitativo a dispositivos médicos e tecnologia.
Também precisamos levar em conta que a demanda por assistência médica continua crescendo junto com os custos, mas o setor privado não pode repassar esses custos na cadeia de valor. Isso representa um risco de colapso para o setor. Todos os atores (hospitais, governo, pacientes, fabricantes, planos de saúde) precisam colaborar para reverter essa tendência perigosa. Hoje, 25% dos pacientes vão para o setor privado e o setor público não consegue absorver tudo. Oportunidades como parcerias público-privadas (para que o setor público possa utilizar hospitais privados em horários de pico para maximizar o volume, por exemplo), subsídios/benefícios fiscais, conscientização dos pacientes (para buscarem menos o pronto-socorro e menos especialistas antes da triagem), melhores processos de triagem são alguns exemplos de colaboração que podem ser explorados.
Nos próximos anos, podemos esperar avanços tecnológicos na área de saúde que atendam aos desafios críticos do setor. Podemos citar o uso da automação do fluxo de trabalho e da IA para atenuar a escassez de força de trabalho e reduzir as tarefas administrativas, permitindo que os profissionais de saúde passem mais tempo com os pacientes. O treinamento e a educação contínuos serão cruciais para a qualificação digital, garantindo que os profissionais de saúde se mantenham por dentro dos avanços tecnológicos. As operações remotas por meio da colaboração virtual capacitarão a equipe, permitindo que colegas experientes forneçam orientação, especialmente em locais com recursos limitados. Para que pacientes e profissionais de saúde tenham experiências perfeitas, haverá um maior foco na adoção de soluções informáticas neutras e interoperáveis para fornecedores. Além disso, a migração dos sistemas de saúde para a nuvem aumentará a escalabilidade e a segurança dos dados, permitindo uma rápida adaptação à variação na demanda. Essas tendências visam melhorar a eficiência, o atendimento aos pacientes e a experiência geral de atendimento.
A colaboração é essencial no setor da saúde, uma vez que nenhuma entidade pode enfrentar todos os seus desafios sozinha. Na Philips, acreditamos que a saúde precisa de inovação de startups empenhadas. A área de saúde opera como um ecossistema que depende de conhecimento, experiência, recursos financeiros e inovação diversificados para lidar com suas complexidades. Ao promover a colaboração entre atores estabelecidos no mercado e startups, podemos aproveitar os respectivos pontos fortes de cada um para preencher lacunas e apoiar o avanço do setor como um todo.
As ferramentas digitais desempenham um papel crucial porque proporcionam uma mudança para cuidados preventivos e um foco no indivíduo durante toda a jornada de saúde. À medida que as organizações de saúde migram de um modelo baseado em intervenção para um modelo de prevenção, a transformação digital acelerará essa mudança de paradigma. O uso da análise preditiva, impulsionado por IA e IoT, capacita os profissionais de saúde a fazer prognósticos oportunos sobre os resultados e as opções de tratamento dos pacientes. As plataformas de diagnóstico integradas com análise preditiva permitem que as equipes de cardiologia antecipem resultados, tomem decisões mais rápidas e prescrevam protocolos de tratamento mais eficazes. O monitoramento remoto de pacientes permite o gerenciamento controlado de doenças crônicas, uma maior supervisão entre consultas e a redução de reinternações hospitalares. Além disso, as ferramentas digitais de engajamento de pacientes, como aplicativos de rastreamento de saúde e portais de pacientes, capacitam as pessoas para que gerenciem ativamente sua saúde, sigam o tratamento com mais eficácia e se comuniquem melhor com suas equipes de tratamento. Com essas ferramentas digitais, os sistemas de saúde podem oferecer um tratamento de maior valor com foco na prevenção, aliviar a carga de doenças crônicas e permitir resultados mais saudáveis para as pessoas.
Cerca de 30% das pessoas em nossa região não têm acesso a um tratamento médico: com parcerias e inovação, os atores do setor podem, juntos, reverter essa situação e a Philips está determinada a desempenhar o seu papel nesse desafio.